Liceu – missão excelência
Dr. Livio De Vivo, presidente do Conselho Superior do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo“
Ramos de Azevedo foi o centro em torno do qual gravitou o renascimento arquitetônico da cidade de São Paulo.
Luís Inácio Romeiro de Anhaia Melo em 25 de janeiro de 1934, aniversário de 380 anos da cidade, durante a inauguração do monumento à Avenida Tirandentes.
É inexcedível o fascínio que o Liceu exerce sobre todos nós que dele tratamos, que com ele convivemos, que nele ou em prol dele atuamos, a ponto de sempre comoverem situações e ou procedimentos que o envolvam nas mais diversas circunstâncias. Vivemos atualmente os afortunados momentos em que a entidade celebra os seus cento e cinquenta anos de existência, celebração que irradia efeitos não menos comoventes e sensíveis não só à comunidade berço de seu nascimento, nossa querida São Paulo, mas que se espalham e se estendem a muitas outras que o conhecem e que o respeitam e reconhecem como uma das entidades mais representativas de grandes valores de nossa cultura.
A trajetória do Liceu, desde o seu nascimento nos idos de 1873 até os nossos dias, revela uma instituição que se dedicou de modo constante a esses valores e que primou por um incansável trabalho nas áreas da educação, das artes e dos ofícios, acolhendo e formando verdadeiros artífices, brindando logradouros públicos e particulares com obras e monumentos dignos de grandes mestres de que são exemplos veementes alguns dos que ilustram a presente edição. A trajetória do Liceu reflete o zelo pela qualidade de seus cursos, em especial os de ensino profissionalizante, que têm enriquecido vários setores de nosso mercado de trabalho, e reflete sua contribuição, com elevada cota, para a divulgação das artes no grandioso espaço de seu refeito, renovado e impactante Centro Cultural.
São cento e cinquenta anos de uma travessia de diversas e diferentes fases de nossa cultura, de nossos hábitos, de nossa evolução social, de nossa vida política, alguns deles até exigiram empenhos estranhos à órbita e objetivos da entidade, como a contribuição que lhe foi pedida para a produção de material bélico durante o levante paulista de 32. É legado do Liceu sua rica colaboração para o adorno de inúmeros prédios e residências de nossa cidade. A excelência do Liceu se reflete brilhantemente até hoje no campo da educação, com resultados auspiciosos em certames como o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM.
Percalços e momentos difíceis obviamente não deixaram de ocorrer ao longo de alguns lustros deste período. Foram superados, contudo, pela força que a imagem e o vigor dos objetivos da entidade transmitem a todos os que a ela têm se dedicado, executivos e conselheiros parte de seus quadros diretivos desde a sua constituição e a quem esta edição rende sua homenagem e reconhecimento.
O Liceu é uma entidade peculiar. Sempre foi. Não é uma Fundação, como alguns equivocadamente pensam. Não é uma empresa. É uma entidade particular, uma associação, como a configura presentemente o nosso Código Civil vigente, em substituição ao que antes se definia como sociedade civil. E não tem fins lucrativos. Os resultados de suas atividades produtivas, que exerce por meio de seu braço industrial (a LAO Indústria), este sim uma empresa de natureza comercial normal, são integralmente aplicados em suas finalidades institucionais.
O Liceu é um exemplo raro, por sinal, da conjugação de atividades ligadas à educação, às artes, ao ensino profissionalizante e à produção industrial.
Esmero e qualidade são marcas dos feitos do Liceu, na linha de como concebido por seus criadores e idealizadores, a quem esta edição comemorativa rende também a mais profunda das homenagens.
Relembrando o que está no fecho da riquíssima edição “Liceu – Missão Excelência”, tem-se que a narrativa da trajetória da instituição testemunha, em todos os momentos, a fidelidade à sua missão, preservando sua independência como iniciativa particular, receptiva a mudanças e sempre alinhada ao seu tempo.
© Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo