Uma cronologia de Ouro
Com uma economia sólida e pujante, oriunda das exportações de café, a principal commodity brasileira, a cidade de São Paulo cresce e se moderniza. A chegada das ferrovias acelera o processo de industrialização.
É fundada a Sociedade Propagadora de Instrução Popular com o objetivo de formar mão de obra para a nascente indústria paulista.
O Liceu oferece um curso primário gratuito, com aulas noturnas de “primeiras letras”, caligrafia, aritmética, sistema métrico e português.
A instituição é reorganizada como Liceu de Artes e Ofícios, privilegiando o ensino prático de profissões relacionadas à arte e à arquitetura, para formar artífices altamente capacitados. É dirigida por parceiros progressistas do conselheiro e fundador Carlos Leôncio de Carvalho.
O Liceu é reconhecido como um dos mais importantes estabelecimentos de ensino na cidade de São Paulo.
Quando Ramos de Azevedo assume sua direção, o Liceu adota o desenho como base do ensino, aplicando-o a diversos estilos artísticos.
A entidade se muda para um novo prédio, na Avenida Tiradentes, com salas de aulas e oficinas de produção. Em 1905, juntamente com as atividades educacionais do Liceu, o espaço acolhe o museu de artes plásticas mais antigo da cidade: a Pinacoteca do Estado.
Com necessidade de mais espaço, o Liceu transfere seu núcleo industrial para as instalações da Rua Cantareira, onde permanece até hoje.
Inauguração do Theatro Municipal de São Paulo. O Liceu fica responsável pelo mobiliário e pelas decorações em estuque, bronze artístico e ferro batido.
O edifício London River Plate Bank é inaugurado para ser a matriz paulista do banco britânico London & River Plate. O Liceu confecciona o portão neogótico e os ornamentos da fachada.
O Palácio dos Correios, de estilo eclético, é inaugurado. A serralheria artística da fachada, as gaiolas dos elevadores, os guichês de atendimento e as caixas postais são feitas pelo Liceu.
Inauguração do Palácio das Indústrias para abrigar exposições relacionadas ao desenvolvimento industrial paulista. Tem projeto de Domiziano Rossi. São de autoria do Liceu as alegorias da fachada, a quimera, lustres, porta principal e grades de ferro fundido.
Morre Ramos de Azevedo, aos 77 anos. O engenheiro e arquiteto, célebre pelos projetos de modernização de São Paulo, foi a figura principal do Liceu de Artes e Ofícios.
O Edifício Alexandre Mackenzie, atual Shopping Light, é inaugurado como matriz da companhia de energia elétrica São Paulo Tramway, Light and Power Company. Os trabalhos de serralheria das fachadas e de marcenaria são do Liceu.
Com projeto do arquiteto Mário Whately, em estilo art déco, o Instituto Biológico abre suas portas para colaborar com os estudos sobre a produção cafeeira em uma época que o grão era o principal produto de exportação do país. São do Liceu o mobiliário dos laboratórios e os lambris.
Aberta a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Com projeto de Ramos de Azevedo, são produzidos no Liceu o mobiliário da sala da congregação, o portão e a porta de ferro, corrimãos ornamentados, luminárias e os ornamentos da fachada.
Criada a marca LAO, que facilita a comunicação e a comercialização dos produtos confeccionados pelo Liceu.
O prédio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, de estilo neoclássico, é inaugurado. O Liceu produz o revestimento com lambris de madeira de lei do Plenário do Júri, assim como o mobiliário de diversos ambientes.
É aberta a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco. São confeccionados pelo Liceu os móveis do Salão Nobre e da sala da congregação, as esquadrias das janelas e os pórticos dos elevadores.
Inauguração do Monumento de Ramos de Azevedo, projetado por Galileo Emendabili, na Avenida Tiradentes. Pesando 22 toneladas e medindo 25 metros de altura, o artefato feito no Liceu foi transferido para a Cidade Universitária, na Universidade de São Paulo, em 1974.
Abertura da Estação Júlio Prestes, projetada por Christiano Stockler das Neves e construída pela Estrada de Ferro Sorocabana. O LAO faz as bilheterias e ornamentos internos e externos. Desde 1999, é sede da Sala São Paulo, casa da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
É inaugurada a Galeria Prestes Maia, no Vale do Anhangabaú, sob o Viaduto do Chá. Em seu interior são instaladas as esculturas de bronze Graça I e Graça II, de Victor Brecheret, que iniciou sua formação artística no Liceu, e uma réplica em bronze da estátua Moisés, de Michelangelo.
Um incêndio atinge a sede do LAO e destrói uma parte da coleção de gravuras e reproduções utilizadas como material didático dos cursos.
Edifício Altino Arantes é aberto como a matriz do Banco do Estado de São Paulo. Com 35 andares e 161 metros de altura, o “Banespão” era o maior prédio da cidade. O Liceu confecciona as grades e portas de bronze fundido, os guichês e o mobiliário da sala da presidência. Desde 2018, o prédio sedia o espaço cultural Farol Santander.
O Monumento Duque de Caxias, criado pelo escultor Victor Brecheret, com 28 metros de altura, é fundido em bronze nas instalações do Liceu de Artes e Ofícios.
Inauguração da Catedral da Sé, prédio em estilo neogótico. Obra iniciada em 1913, com projeto do engenheiro e arquiteto alemão Maximilian Hehl. As oito portas em jacarandá da Bahia são executadas pelo Liceu, bem como os confessionários e itens do mobiliário neogótico.
A arquitetura moderna e os prédios funcionais se consolidam no país. Cai a demanda pela tradicional serralheria artística do Liceu, em ferro, que é substituída pela serralheria industrial em alumínio.
O Monumento Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro, é instalado na Praça Princesa Isabel, no bairro de Campos Elíseos. Seu projeto é do escultor Victor Brecheret, e a fundição em bronze patinado é feita pelo Liceu. Um guindaste ajudou a içar a obra de 18 toneladas e 48 metros de altura até o topo do seu pedestal.
O LAO monta showroom de mobiliário moderno na Rua Augusta.
Inauguração do novo prédio do Museu de Arte de São Paulo (MASP), com projeto da arquiteta italiana Lina Bo Bardi. O Liceu executa a extensa caixilharia metálica do corpo principal.
O Liceu se especializa na serralheria de precisão, e o alumínio substitui o ferro em esquadrias de grandes obras, como os edifícios oficiais em Brasília (DF).
Inauguração da Praça Cidade de Milão, que tem como elemento central uma fonte ladeada por réplicas de quatro estátuas de Michelangelo: Noite, Dia, Aurora e Crepúsculo, produzidas pelo Liceu em argamassa armada e gesso.
Abertura da nova fábrica do Liceu no bairro da Água Branca, em uma área de 17 mil m2. Além da fabricação de hidrômetros, o local recebe o setor de ferramentaria da instituição.
O edifício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é aberto para sediar diversas entidades representativas da indústria paulista. O projeto de Rino Levi, em formato de pirâmide, tem a caixilharia e a malha de ferro da fachada confeccionadas pelo LAO.
É inaugurado o Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios, com a exposição Arte é Humanismo, espetáculo de luz e som associado ao uso de 28 peças da coleção de esculturas em gesso da escola.
A instituição mantenedora é transferida para Osasco (SP), quando passa a fabricar apenas hidrômetros e medidores de gás.
Após a descontinuidade na oferta de cursos profissionalizantes em razão das mudanças na legislação, o Liceu volta a oferecer, juntamente com o Ensino Médio, cursos livres voltados para a indústria e o terceiro setor.
Um incêndio destrói o galpão centenário que abrigava o Centro Cultural da instituição e a maior parte do acervo de móveis, objetos e obras ali armazenados.
Abertura do novo Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios com as exposições História e Memória e Design Brasil Século 21.
O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo comemora 150 anos dedicados à educação e às artes.