Art Déco vertical
Um Empire State Building à paulistanaUm dos prédios mais emblemáticos da capital paulista, o edifício Altino Arantes já foi chamado de diferentes modos: Prédio do Banespa, Banespão e, a partir de 2018, passou a ser chamado de Farol Santander. O que não mudou desde 1947, ano de sua inauguração, foi o seu porte majestoso no Centro de São Paulo. Com 35 andares e 161 metros de altura, já foi considerado o maior arranha-céu da cidade até ser superado pelo Mirante do Vale, em 1960. No passado, chegou a ostentar o título de maior construção de concreto armado do mundo.
Símbolo de uma era progressista, o prédio começou a ser construído em 1939 pelo interventor federal Ademar Pereira de Barros para sediar o Banco do Estado de São Paulo, com projeto original do arquiteto Plínio Botelho do Amaral. Contudo, em meados da década de 1940, houve uma alteração pela Construtora Camargo & Mesquita para adequar a construção aos moldes do Empire State Building de Nova Iorque, no estilo da arquitetura Art Decó.
A introdução do Art Déco no cenário paulistano acontece em um momento em que a cidade ansiava por uma imagem de metrópole moderna, refletindo sua nova condição de cidade industrial, onde as cidades norte- -americanas e seus arranha-céus constituíam- -se nos principais referenciais. Como fruto dessa mentalidade, a cidade dá início a um processo acelerado de verticalização de seus espaços urbanos, tendo como principais protagonistas os novos edifícios em concreto armado.
(CAMPOS, J. V. B., p. 11, 1996)As manifestações de padrões gráficos no Art Déco remetem, de maneira abstrata, à pujança da indústria. Reflete-se no desenho da caixilharia característica do Altino Arantes.
Segundo o registro de Vitor José Baptista Campos (1996), o Art Déco representou um modo de viver moderno, com referências metafóricas à indústria e às novas tecnologias. A relação, segundo o pesquisador, dava-se de maneira abstrata. Tais características estão claramente expostas na bem preservada arquitetura do Edifício Altino Arantes, que pode ser visitado e abriga um centro cultural transdisciplinar, com amostras permanentes e temporárias.
José Roberto D’Elboux (2018), em sua tese de doutorado, estudou práticas de ensino de letras e caligrafias dentro dos principais cursos de formação profissional para arquitetos e desenhistas existentes em São Paulo, no apogeu da produção Art Déco, dentre eles o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a Escola Politécnica e a Escola de Engenharia Mackenzie.
[...] o Art Déco representou um modo de viver moderno, com referências metafóricas à indústria e às novas tecnologias. A relação, segundo o pesquisador, dava-se de maneira abstrata. Tais características estão claramente expostas na bem preservada arquitetura do Edifício Altino Arantes, que pode ser visitado e abriga um centro cultural transdisciplinar, com amostras permanentes e temporárias.
O Liceu [...] teve papel crucial na formação de profissionais qualificados para a indústria da construção civil de São Paulo, inclusive desenhistas e projetistas que integrariam os quadros dos grandes escritórios da cidade. Das oficinas do Liceu sairiam manufaturados de qualidade, que complementariam as principais obras construídas na capital e em outras cidades por todo o país.
(D’ELBOUX, J. R., p. 51-52, 2018)O padrão geométrico do guarda-corpo do mezanino com vista para o hall de entrada oferece uma vista privilegiada para o lustre monumental, instalado em 1988. A tipografia segue o estilo Art Déco, alvo da pesquisa de José Roberto D’Elboux (2018).
[...] o Art Déco representou um modo de viver moderno, com referências metafóricas à indústria e às novas tecnologias. A relação, segundo o pesquisador, dava-se de maneira abstrata. Tais características estão claramente expostas na bem preservada arquitetura do Edifício Altino Arantes, que pode ser visitado e abriga um centro cultural transdisciplinar, com amostras permanentes e temporárias.
O local une modernidade e memória. No 3º andar, estão objetos e mobiliários originais da época da construção do edifício. No 5º andar, a sala da antiga presidência do banco é preservada em sua composição original, com móveis que foram produzidos sob encomenda, após a 2ª Guerra Mundial, pelo Liceu de Artes e Ofícios, em madeiras nobres, como o jacarandá. Do alto do mirante, no último andar, é possível ter um raio de visão de 360º, que que atinge cerca de 40 quilômetros, de onde é possível ver os prédios da Avenida Paulista e as principais construções do Centro.
Sobre o mármore que reveste as paredes do hall de entrada estão as arandelas Art Déco que balizam o perímetro do espaço. Quatro lâmpadas tubulares são posicionadas verticalmente.
As curvas dos balcões que avançam sobre o hall recebem finalização com guarda-corpos metálicos alinhados ao estilo do edifício. A retícula ortogonal das aberturas recebe módulos iluminados. O protagonismo é do lustre monumental, restaurado por Roberto Neumann para a reinauguração em 2018. A luminária recebeu lâmpadas de LED.
O mobiliário que pode ser visto no espaço de memória do edifício é original e foi produzido nas oficinas de marcenaria do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Sancas, lambris e revestimentos de paredes também são obras dos mestres da escola.
© Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo