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Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Edifício-sede da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 1931

Esplendor do revivalismo neogótico

Combinação de técnicas para o complexo da medicina

O complexo de edifícios da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) está localizado junto ao espigão da Avenida Dr. Arnaldo. Conforme consta no Plano Diretor para a restauração da FMUSP, de 1999, “o Campus compõe, em conjunto com outras unidades, um importante polo metropolitano de investigação científica e serviços ligados à saúde, que vai da Av. Dr. Arnaldo às proximidades da R. Oscar Freire, da Av. Rebouças à R. Teodoro Sampaio e que tem na Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar um grande eixo de distribuição”. As edificações que compõem o campus da Dr. Arnaldo são a Faculdade de Medicina, o Instituto Oscar Freire, os edifícios novo e antigo do Biotério, Medicina Tropical, Administração, Biblioteca e Auditório.

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP
Construção:
1920 - 1931
Estilo:
Revivalista, neogótico
Projeto:
Escritório Ramos de Azevedo
Localização:
Avenida Doutor Arnaldo, 445 – São Paulo – SP

A FMUSP é hoje um dos maiores centros de pesquisas médico- científicas do país, com 66 laboratórios de investigação médica e mais de 200 grupos de pesquisa. Desde sua criação, em 1913, a instituição tem sido reconhecida pelo pioneirismo e excelência educacional. Esplendor do revivalismo neogótico Faculdade de Medicina

Curiosamente, no mesmo ano de 1913, foi organizada, por iniciativa de Ramos de Azevedo, a Exposição de Arte Francesa, com sede no Liceu de Artes e Ofícios, quando este ainda ocupava o edifício que hoje abriga a Pinacoteca do Estado de São Paulo. A vocação do palácio em receber exposições de arte parecia efetiva desde então.

O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo desempenhou o papel de um dos principais locais de formação e de trabalho para uma mão de obra especializada nas Artes Aplicadas. De par com esta característica, sediou importantes exposições, ao menos nas duas primeiras décadas do século XX. Entre estas, merecem destaque a I e II Exposições Brasileiras de Belas Artes (1911 e 1912-3), as exposições didáticas e de produtos e, especialmente, a Exposição de Arte Francesa (1913).

(NASCIMENTO, 2016)
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Ogivas emolduram janelas e a porta central e reforçam o estilo neogótico empregado no edifício da FMUSP. Contrafortes, nervuras e pináculos evidenciam a estética do prédio.

Esta última exposição foi organizada com a participação de colecionadores particulares. Foram expostos na ocasião itens da coleção do engenheiro-arquiteto Heribaldo Siciliano, como a cabeça Eugène Guillaume, de Rodin, e a pintura de Jean-François Rafaelli, “Paisagem dos arredores de Paris”. Ainda parte dos itens de posse de Siciliano foi um centro de mesa Christofle, estilo Luís XVI, apresentado na seção de artes decorativas da mostra. O mesmo Siciliano, próximo ao Liceu de Artes e Ofícios e construtor da confiança de Ramos de Azevedo, foi o responsável pela construção da Faculdade de Medicina e do edifício dos Correios, ambos executados pela construtora Siciliano e Silva.

O prédio histórico da Faculdade de Medicina, inaugurado em 1931, cuja pedra fundamental foi lançada em 1920, recebeu patrocínio da Fundação Rockefeller, que também destinou recursos para introduzir novos padrões nas técnicas de ensino das ciências médicas no Brasil. Sem mudar de endereço, na Avenida Dr. Arnaldo – uma homenagem a Arnaldo Vieira de Carvalho, seu fundador –, em 1934, a faculdade passou a integrar a Universidade de São Paulo.

O prédio sede da FMUSP, projetado pelo Escritório Ramos de Azevedo, é um representante significativo da arquitetura paulistana das primeiras décadas do século XX. [...] O Projeto do edifício trouxe aspectos inovadores ao país, respondendo de maneira eficiente e adequada a novas concepções do ensino da medicina e de como elas deveriam ser traduzidas espacialmente. No que se refere à linguagem arquitetônica, foi adotado um vocabulário derivado do ecletismo em voga na época – e as obras do escritório Ramos de Azevedo estão entre as mais destacadas do período – utilizando elementos ornamentais de inspiração neogótica.

(KÜHL, 1999).

O prédio histórico da Faculdade de Medicina, inaugurado em 1931, cuja pedra fundamental foi lançada em 1920, recebeu patrocínio da Fundação Rockefeller, que também destinou recursos para introduzir novos padrões nas técnicas de ensino das ciências médicas no Brasil. Sem mudar de endereço, na Avenida Dr. Arnaldo – uma homenagem a Arnaldo Vieira de Carvalho, seu fundador –, em 1934, a faculdade passou a integrar a Universidade de São Paulo.

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[...] foram produzidos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo elementos fundamentais para o esplendor do edifício central, como os concebidos e executados na oficina de madeira – mobiliário da sala da congregação – e na oficina de serralheria – portão e porta de ferro, corrimãos ornamentados e luminárias. Na oficina de cerâmica e modelagem do Liceu, foram produzidos os ornamentos da fachada.

A relevância do patrimônio artístico e arquitetônico do complexo foi reconhecida pela própria FMUSP, que encaminhou ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), em 1978, o pedido de tombamento de sua sede, efetivado em 1981, no qual se reconhecia a grande significância histórica da construção. “O edifício liga-se não apenas à história da arquitetura paulista mas também à memória da Faculdade e às transformações do ensino das ciências médicas no país. Sendo a sede da Faculdade há muitas décadas, a construção é um dos elementos que exterioriza a imagem da Faculdade de Medicina” (KÜHL, 1999).

Desde 1977, o edifício já sediava o Museu Histórico da Faculdade de Medicina, reunindo um acervo eclético, que apresenta objetos relacionados à prática médica, como instrumentos e aparelhos dos séculos XIX e XX, livros, periódicos, documentos e mobiliário. A coleção também inclui esculturas, pinturas, fotografias e gravuras.

Segundo registros de Ana Maria Belluzzo (1988), foram produzidos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo elementos fundamentais para o esplendor do edifício central, como os concebidos e executados na oficina de madeira – mobiliário da sala da congregação – e na oficina de serralheria – portão e porta de ferro, corrimãos ornamentados e luminárias. Na oficina de cerâmica e modelagem do Liceu, foram produzidos os ornamentos da fachada.

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Corrimãos de ferro com acabamento de madeira acompanham o ritmo ogival da caixilharia da fachada principal e emolduram o volume escultórico da escadaria central. Os capitéis coríntios coroam os típicos pilares fasciculados, outra evidência da inspiração gótica. A caixilharia secundária, como marca da simplificação revivalista, por vezes elimina o ponto ogival. Em outros pontos o substitui por arcos plenos.

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Sob responsabilidade do Liceu, o sistema de abertura e fechamento exibe manípulos ergonômicos, alinhados com a estética esguia empregada nas janelas laterais.

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O entalhe na base da mesa é alusivo ao semi-deus grego Esculápio, filho do deus Apolo com a mortal Corônis. Esculápio foi criado pelo Centauro Quíron, que o educou na arte das ervas medicinais e das cirurgias. O cajado nas mãos é utilizado como símbolo da medicina. Em um dos templos dedicados a ele, na ilha grega de Cós, formou-se Hipócrates, nascido em 460 a.C., autor do famoso juramento proferido pelos médicos durante a formatura.

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O couro prensado reveste o encosto das cadeiras escalonadas. Motivos florais mimetizam a moldura do forro, eclética.

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