Art Déco pujante
O edifício foi erguido graças à pressão dos barões do caféÉ impossível passar pelo bairro da Vila Mariana e deixar de se impressionar com um edifício em estilo Art Déco, movimento cultural que surgiu na Europa, no início do século XX. A estética é predominante em projetos icônicos mundo afora, como o Empire State Building (1931) de Nova Iorque e sua versão paulistana, o Altino Arantes (1947). O Art Déco também empresta suas características ao Viaduto do Chá, obra de Elisiário Antônio da Cunha Bahiana, símbolo da modernidade no Vale do Anhangabaú. O prédio principal do Instituto Biológico, construído entre 1927 e 1930, com projeto do arquiteto Mário Whately, é um exemplo da modernidade na arquitetura paulistana.
Tendo sido experimentada para a solução de todas as modas, a geometria torna-se o estilo dos estilos, converte-se em valor absoluto e autônomo, como demonstra o Art Déco: o último estilo decorativo em vigor no Liceu nos anos trinta e quarenta. Como se sabe, esse nome advém da Exposição de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em 1925 em Paris.
(BELLUZO, A. M. 1988, p. 205)Linhas verticais marcam a fachada Art Déco do Instituto Biológico, no bairro da Vila Mariana. Em meio ao maior cafezal urbano do mundo, o imponente edifício desponta sem interferências visuais da paisagem.
Cedida pelo Governo do Estado de São Paulo, a gleba originalmente destinada ao Instituto atravessava a atual Avenida 23 de Maio, numa área em que hoje está o Parque Ibirapuera.
A região onde está o Prédio da Bienal, de Oscar Niemeyer, era o campo de treinamento do Biológico Futebol Clube. A implantação original do complexo mostra a proposta de construção de dois lagos no terreno pertencente ao Instituto, jamais executados.
A construção do edifício, do arquiteto Mário Whately, começou em 1928, em um terreno doado pelo governo do Estado, e só foi inaugurado em 25/01/1945. O edifício tem seis pavimentos, 60 metros de frente, 45 metros de fundo e 33 metros de altura, situado à frente de um parque de 332.000 m², dos quais 239.000 m² destinados ao edifício principal e 93.000 m² reservados para o campo experimental de Biologia Vegetal. Os jardins do Instituto Biológico de São Paulo foram desenhados pelo arquiteto-paisagista belga, Arséne Puttemans.
(REBOUÇAS, M. M., 2016)Olhando mais atentamente para o conjunto arquitetônico é possível admirar o jardim e um inusitado cafezal em plena metrópole ocupando uma área aproximada de 10 mil metros quadrados. O cafezal do Instituto Biológico é considerado o maior do mundo cultivado em área urbana e conta com cerca de 1.600 pés de café.
O próprio Instituto nasceu graças a essa planta. O objetivo era melhorar a produção cafeeira do país em uma época que o grão era o principal produto de exportação do Brasil. Os grandes produtores, chamados barões do café, exerciam importante influência política no Estado de São Paulo. Por força desse grupo econômico, que acumulava perdas causadas pelas pragas que atacavam seus cafezais, o Governo Estadual criou, em 1927, o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal com o intuito de ampliar as pesquisas relacionadas ao combate de doenças nas plantações.
Os grandes produtores, chamados barões do café, exerciam importante influência política no Estado de São Paulo. Por força desse grupo econômico, que acumulava perdas causadas pelas pragas que atacavam seus cafezais, o Governo Estadual criou, em 1927, o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal com o intuito de ampliar as pesquisas relacionadas ao combate de doenças nas plantações.
Detalhes da caixilharia feita pelo Liceu. As linhas simples são típicas do estilo, minimalista se comparado ao revivalismo da época. Traduz o espírito industrial que tomava conta do Brasil nas primeiras décadas do século XX.
Até os dias de hoje, o local é um importante centro de pesquisas para o setor agropecuário, com o Laboratório de Inovação em Produtos Imunobiológicos, que produz antígenos para diagnóstico das doenças brucelose e tuberculose animal, e a Unidade Laboratorial de Referência de Contaminantes em Alimentos e Ambiente. Há ainda um insetário, biotério, laboratório de bioquímica fitopatológica e o Planeta Inseto, uma exposição permanente e interativa com finalidades pedagógicas.
O edifício tem em sua composição o uso da pedra, como o mármore português Lioz, que reveste os pisos e paredes das salas. O ferro das janelas foi forjado nas oficinas de serralheria do Liceu de Artes e Ofícios. A ornamentação da fachada exibe os típicos traços decorativos do Art Déco.
O Art Déco, ainda que nos marcos das artes decorativas, tendeu a ultrapassar a prática do ornamento agregado e banir valores figurativos pictóricos em proveito dos ritmos decorativos e de temas mais abstratos, muitos deles tidos como permanentes e não transitórios.
(BELLUZO, A. M. 1988, p. 241)Todas essas décadas de funcionamento ininterrupto renderam um grande acervo à instituição. Inicialmente, as atividades científicas eram realizadas em casas alugadas, e Arthur Neiva, seu primeiro diretor, abrigou uma biblioteca na Av. Brigadeiro Luís Antônio, que continha revistas e livros sobre pragas do café. No final da década de 1930, com o prédio-sede ainda em construção, Henrique da Rocha Lima, José Reis e vários outros pesquisadores trouxeram para o novo centro toda a documentação. Em 1945, foi inaugurado o prédio-sede, e os documentos passaram a ficar dispersos por várias seções. Em 1961, iniciou-se, então, o resgate da memória institucional. Atualmente, o 5º andar do prédio abriga o Centro de Memória, que possui um acervo composto por cerca de 340 mil documentos, incluídos registros sobre a arquitetura. O Instituto Biológico é tombado pelo Condephaat e pelo Compresp, conselhos estadual e municipal de defesa do patrimônio, respectivamente.
O edifício tem em sua composição o uso da pedra, como o mármore português Lioz, que reveste os pisos e paredes das salas. O ferro das janelas foi forjado nas oficinas de serralheria do Liceu de Artes e Ofícios. A ornamentação da fachada exibe os típicos traços decorativos do Art Déco.
© Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo