O maior equestre do mundo
Um monumento para o patrono do Exército BrasileiroLuís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (1803- 1880), é considerado o patrono do Exército Brasileiro. Seus biógrafos apontam que o militar fluminense era severo e minucioso, sempre alerta em suas funções e intolerante com os soldados indolentes. Caxias foi responsável por comandar as tropas que reprimiram a Balaiada, no Maranhão, em 1840, e teve uma atuação de destaque na Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, em 1845. Em 1866, ao assumir o comando do exército na Guerra do Paraguai, estabeleceu normas tão rígidas que espantou a todos. Passou a exigir que os comandantes fossem para a batalha na frente das tropas, em vez de ficarem protegidos na retaguarda, como era o costume.
Pacificador. Unificador. O ‘cidadãosoldado’ ideal. Esse conjunto de virtudes compunha a narrativa criada em torno da figura de Duque de Caxias que se buscava materializar através de um monumento de imensas proporções a ser instalado em praça pública no centro da cidade de São Paulo. A construção do Monumento a Duque de Caxias foi utilizada como estratégia do presidente Getúlio Vargas e do Ministério da Guerra durante o Estado Novo para estreitar laços com a importante – e muitas vezes, subversiva – capital paulista, objetivando aderir à cidade ideais caros ao governo central.
(SOUSA, B. B., 2022)Para homenagear o Duque, em 1941 foi instituído um concurso internacional de maquetes. O escultor Victor Brecheret foi o vencedor, entre 30 concorrentes, com um modelo concebido em gesso do monumento que teria 48 metros de altura, o equivalente a um prédio de 10 andares. Dois tipos de materiais foram utilizados na construção do projeto: granito e bronze patinado.
Para homenagear o Duque, em 1941 foi instituído um concurso internacional de maquetes. O escultor Victor Brecheret foi o vencedor, entre 30 concorrentes, com um modelo concebido em gesso do monumento que teria 48 metros de altura, o equivalente a um prédio de 10 andares. Dois tipos de materiais foram utilizados na construção do projeto: granito e bronze patinado. A fundição ficou a cargo dos artífices do Liceu de Artes e Ofícios – a obra era tão grande que, durante a confecção das peças, foi servido um lanche comemorativo para 50 pessoas no interior da estátua do cavalo.
O Monumento Duque de Caxias foi implantado na cidade de São Paulo em 1960, apesar das obras estarem finalizadas desde 1945. A ideia de se construir este monumento surgiu em 1939, no período do Estado Novo, pelo então comandante da Segunda Região Militar, o General Maurício Cardoso. Em 1941, foi aberto o Concurso Internacional de Maquetes para o Monumento Duque de Caxias, após decreto-lei do próprio presidente da República, Getúlio Vargas, no qual Victor Brecheret saiu vencedor.
(RIBEIRO, A. C. F. 2006, P. 183)O conjunto em alto-relevo esculpido na base do monumento retrata a cena de Caxias em Bagé (RS): enaltece o militar vitorioso no município gaúcho ao oferecer ordem e progresso ao povo.
Além da estrutura em bronze de Duque de Caxias montado em seu cavalo, com 15 metros de altura, a base de granito Mauá também ganhou esculturas que apresentam cenas da trajetória do militar. Os volumes têm os temas Pacificação, Caxias falando ao povo de Bagé, Reconhecimento de Humaitá, Batalha de Itororó e Enterro de Caxias. Na parte frontal, acima do relevo Caxias em Bagé, pode-se observar o Brasão do Duque de Caxias. De acordo com Ana Carolina Fróes Ribeiro (2006), em 1942 Victor Brecheret já trabalhava a estátua de Caixas no Liceu de Artes e Ofícios, e recebeu, neste mesmo ano, a colaboração do colega Júlio Guerra. No ano seguinte, quando a responsabilidade da obra foi transferida à prefeitura, foram contratados os serviços de cantaria para a confecção das peças de granito do pedestal.
A escultura foi fundida em bronze pelo Liceu de Artes e Ofícios, sob a orientação de Pedro Suzana. Diante do gigantismo da obra, a fundição da estátua foi realizada em partes, atingindo um total de 50 partes justapostas através de soldas. Os trabalhos de fundição se encerraram em 1952. [...] Para se ter uma ideia do tamanho desta obra de fundição, basta dizer que existem escadas não apenas no interior da base, mas também no interior do cavalo, acessível através de um alçapão localizado em sua barriga.
(RIBEIRO, A. C. F. 2006, P. 185)Neste mesmo período, Brecheret foi responsável pela idealização do Monumento às Bandeiras, popularmente conhecido como ‘empurraempurra’, instalado nas proximidades do Parque Ibirapuera como parte das comemorações do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo a serem realizadas em 1954. [...] o local de implantação do Monumento a Caxias constituiu o maior impasse em seu desenvolvimento, resultando em quase 15 anos de atraso entre a finalização e a inauguração da obra. A intenção inicial de Brecheret era que o monumento fosse instalado em um local amplo onde pudesse ser observado por diversos ângulos e patamares, sugerindo a Praça das Bandeiras no Vale do Anhangabaú.
(SOUSA, B. B., 2022).Segundo Ana Carolina Fróes Ribeiro (2006), o parecer da comissão julgadora compreendeu o gênero equestre proposto por Brecheret como o mais adequado ao caráter militar do duque. A adoção da simplificação formal, tanto nas figuras quando na arquitetura do monumento, realça a masculinidade da figura representada ao estilo dórico.
Maior monumento equestre do mundo, permaneceu guardado no depósito do Liceu por quase uma década e foi finalmente transferido para seu endereço definitivo, a Praça Princesa Isabel, no bairro de Campos Elíseos, apenas em 1960. Um guindaste e veículos do Exército ajudaram a içar a obra de 18 toneladas até o topo do seu pedestal. Brecheret faleceu antes da instalação do monumento.
Duque de Caxias deve ser visto, admirado e cultuado pela Nação. Porque a glória militar, que foi dele, é a grande glória do Exército Brasileiro, e é a grande glória do Brasil de todos os tempos. Nada mais justo, portanto, que se perpetue a Grande Glória Militar de nossa Pátria”.
(RIBEIRO, A. C. F. 2006, P. 155).Representação do enterro de Caxias: o oficial desejou que seu caixão fosse carregado apenas por seis milicianos, sem pompas e honras.
Reconhecimento de Humaitá: Caxias em frente aos três generais (Mitre, Mena Barreto e Câmara) que o acompanharam nesse feito, seguidos das respectivas tropas.
Vista aérea do monumento, o maior equestre do planeta.
Batalha de Itororó: o Duque de Caxias, com a espada empunhada, toma o comando perante os adversários e brada a frase: “Que me sigam os que são brasileiros”.
© Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo