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Monumento Ramos de Azevedo Monumento Ramos de Azevedo, 1934

Uma ode a Ramos de Azevedo

Aquele que transformou São Paulo em metrópole

Até o final do século XIX, a cidade de São Paulo ainda tinha uma aparência provinciana em seu urbanismo e costumes. Com a ascensão da cafeicultura no estado, os ricos barões do café passaram a demandar serviços e infraestrutura semelhantes aos da Europa. A capital paulista, então, começou a se modernizar, ganhou avenidas largas, bulevares elegantes e edifícios imponentes, e transformou-se em uma próspera metrópole.

Monumento Ramos de Azevedo
Construção:
1929-1934
Estilo:
Dórico, eclético
Projeto:
Galileo Emendabili
Localização:
Cidade Universitária – São Paulo, SP.

A obra realizada a partir de doações foi dedicada ao homenageado, mas sua própria figura, o monumento em si e a data de inauguração evocam uma narrativa mais elaborada. O conjunto escultórico de Emendabili, com seus 25 metros de altura, constrói de sua base até seu topo a imagem que São Paulo queria consolidar para si – de centralidade e metrópole nacional moderna, vinculada ao crescimento econômico da burguesia emergente da época.

(LEITE, I., 2022)
Monumento Ramos de Azevedo

Na base do monumento estão dispostos os construtores. As esculturas possuem movimento e virilidade e se contrapõem à delicadeza das musas inspiradoras de Ramos de Azevedo. A figura dos construtores é definida com feixes musculares, que revelam a força do trabalho, do saber e do criar. Essa representação alegórica do trabalho faz referência ao progresso junto ao brasão da Cidade de São Paulo.

Quando Ramos de Azevedo morreu, em 1928, seus amigos e admiradores se uniram para arrecadar fundos e projetar um monumento em sua homenagem. Para a escolha do projeto foi realizado um concurso, e o escultor ítalo-brasileiro Galileo Emendabili foi o vencedor. A execução da estátua foi feita pelos artistas do Liceu de Artes e Ofícios.

Ramos, junto a seu escritório, teve extrema importância na transformação arquitetônica de São Paulo na virada do século XIX para o século XX. Naquele momento, a cidade tentava se alinhar cada vez mais com a cultura e arte europeias, tidas como modernas, e nada melhor do que marcar esta noção de progresso com um enorme monumento.

(LEITE, I., 2022)

Quando Ramos de Azevedo morreu, em 1928, seus admiradores se uniram para arrecadar fundos e projetar um monumento em sua homenagem. Para a escolha do projeto foi realizado um concurso, e o escultor ítalo-brasileiro Galileo Emendabili foi o vencedor. A execução da estátua foi feita pelos artistas do Liceu de Artes e Ofícios.

Depois da morte de Ramos de Azevedo, ocorrida em 12 de junho de 1928, foi constituído o Comitê Pró-Monumento a Ramos de Azevedo, com a finalidade de promover o reconhecimento de sua memória. Abriu-se concurso público para escolher o projeto que estivesse de acordo com as intenções da comemoração e que traduzisse a relevância histórico-social e o perfil individual do homenageado. O projeto vencedor foi o de um artista italiano, Galileo Emendabili, emigrado para São Paulo em 1923.

(PINZÓN, N. M. G., P. 30, 2009)

Os trabalhos de fundição em bronze começaram em 1929 nas dependências do Liceu, sob a supervisão de Giuseppe Rebellato. Néstor Marcelo Gutierrez Pinzón apresentou, em 2009, sua dissertação de mestrado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo com o título “Monumento Deslocado”. O trabalho dedicou-se ao estudo e à compreensão do conjunto escultórico erguido em homenagem a Ramos de Azevedo e deslocado do centro da cidade para o campus da USP Butantã. Pinzón (2009) retoma a trajetória profícua do engenheiro-arquiteto que se formou na École Speciale du Génie Civil et des Arts et Manufactures Annescée na Universidade de Gante, na Bélgica.

Monumento Ramos de Azevedo

“Ramos de Azevedo está sentado sobre uma construção de madeira improvisada. Parece confortável, realmente compenetrado no lugar. Dá a impressão de que o espaço foi adaptado para recebê-lo e encenar seu retrato, sobretudo pelo banco e pelas lâminas colocadas, ao que parece, de maneira a separar o fundo” (PINZÓN, N. M. G., p. 44, 2009). No conjunto do monumento, Ramos de Azevedo é a única figura representada de maneira realista.

Monumento Ramos de Azevedo

No topo do monumento está a alegoria do Progresso, no conjunto de bronze. Representa a figura do Gênio, montado em um cavalo alado. Sobre sua mão repousa a deusa Nice, personificação da Vitória.

Monumento Ramos de Azevedo

Ramos de Azevedo foi um dos maiores responsáveis pelo novo direcionamento da fisionomia urbana de São Paulo de finais do século XIX e início do século XX, afastando-a dos parâmetros coloniais de edificação, introduzindo na cidade novas técnicas de Construção e, sobretudo, novas maneiras de conceber, trabalhar e materializar o espaço urbano.

(PINZÓN, N. M. G., P. 26, 2009)

Pesando 22 toneladas e medindo 25 metros de altura, o Monumento a Ramos de Azevedo foi inaugurado em 25 de janeiro de 1934, aniversário da cidade de São Paulo, na Avenida Tiradentes, em frente ao então prédio do Liceu, construído pelo homenageado e do qual ele foi vice-presidente.

O local escolhido foi a Avenida Tiradentes, em frente à entrada do Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca do Estado de São Paulo), prédio construído pelo homenageado e do qual ele foi vice-presidente em 1895. Além disso, o monumento ‘se dirigia às margens da cidade, como que puxando-a ao futuro, com seu cavalo do ‘Progresso’.

(LEITE, I., 2022)

A obra foi influenciada pela tradição escultórica do século passado, conhecida como ‘retorno à ordem’, trabalhando em torno e adaptando os conceitos mais tradicionais de escultura baseados em cânones clássicos de representação e de ordem compositiva.

(PINZÓN, N. M. G., P. 40, 2009)

Pinzón afirma que as principais influências para o projeto vencedor de Emendabili foram a prática escultórica do artista alemão Adolf von Hildebrand e a poética do escultor eslavo Ivan Mestrovic. No local original de instalação, o monumento voltava-se para a Rua São Caetano. Estava disposto à frente da entrada principal do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (hoje Pinacoteca do Estado). “Da Rua São Caetano, o que o observador via, guardando a distância correta em relação ao monumento, era a parte frontal em perspectiva. E, como pano de fundo da mesma composição, o Liceu de Artes e Ofícios”, afirma Pinzón. O autor explica, ainda, que a mensagem ideológica codificada na estética do monumento e sua disposição espacial original assinalavam o seguinte: em frente ao Liceu, o monumento se dirigia às margens da cidade – em direção ao Rio Tietê –, como que puxando-a para o futuro, com seu cavalo do progresso, exibindo triunfos recentes da cidade.

A mensagem ideológica efetiva do monumento dependia do lugar onde estava localizado. O monumento falava deste lugar e a partir deste lugar. Nesta narrativa, o Liceu de Artes e Ofícios representava o progresso recente de São Paulo, porque dali surgiu a mão de obra capaz de construir a cidade imaginada pela burguesia emergente, articulando harmonicamente o conhecimento científico, a arquitetura, as artes e o trabalho.

(PINZÓN, N. M. G., P. 40, 2009)
Monumento Ramos de Azevedo
Monumento Ramos de Azevedo

As quatro musas alegóricas representam as inspirações de Ramos de Azevedo: arquitetura, engenharia, pintura e escultura. Embora os corpos sejam similares, característica essencial para o equilíbrio do conjunto, os penteados se mostram distintos.

A mensagem ideológica efetiva do monumento dependia do lugar onde estava localizado. O monumento falava deste lugar e a partir deste lugar. Nesta narrativa, o Liceu de Artes e Ofícios representava o progresso recente de São Paulo, porque dali surgiu a mão de obra capaz de construir a cidade imaginada pela burguesia emergente, articulando harmonicamente o conhecimento científico, a arquitetura, as artes e o trabalho.

Porém, em 1967, diante do crescimento da cidade e da construção de uma estação de metrô, o artefato acabou sendo desmontado e armazenado sem cuidados em um canto no Jardim da Luz, enquanto definia-se o local para onde iria definitivamente. Pinzón ressalta a questão viária como fator decisivo para o desmonte do monumento. “As duas justificativas principais foram a descongestão do trânsito veicular entre o Centro e a Zona Norte da cidade, que era interrompido pelo monumento assentado na Avenida Tiradentes”.

Neste período, a obra foi se degradando e teve algumas peças furtadas. Por fim, em 1974, decidiu-se levar o monumento para a Cidade Universitária, próximo à Escola Politécnica, local que se relaciona fortemente com a história do homenageado. A reinauguração foi realizada em 1975.

Em 1967, diante do crescimento da cidade e da construção de uma estação de metrô, o artefato acabou sendo desmontado e armazenado sem cuidados em um canto no Jardim da Luz, enquanto definia-se o local para onde iria definitivamente. Pinzón ressalta a questão viária como fator decisivo para o desmonte do monumento.

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