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Prefácio

O Liceu está na casa, nas coisas e na cidade

Maria Cecília Loschiavo dos Santos*

A educação técnico-profissional foi o principal objetivo da Sociedade Propagadora de Instrução Popular, criada no ano de 1873, em São Paulo. Este livro traz uma contribuição histórica, um olhar para o passado, para os 150 anos de experiência de uma instituição que nasceu diretamente comprometida com a plena realização da ideia de transformação das condições e estilo de vida na cidade, com a formação de mão de obra para São Paulo e para o Brasil. Hoje, esta longeva instituição é conhecida como Liceu de Artes e Ofícios.

Um grupo de pesquisadores, historiadores e docentes, sob a coordenação estimulante do jovem arquiteto Dr. Gustavo Curcio, trabalhou intensamente para recompor em textos e imagens essa história pioneira e inspiradora. O cenário contemporâneo é muito diverso dos tempos da criação do Liceu. São Paulo cresceu, tornou-se a maior metrópole do hemisfério sul, a economia global se transformou e a pandemia trouxe a erosão de visões de mundo e da própria vida. As soluções e processos desenvolvidos pelo Liceu no passado estão distantes, mas o espírito de inovação está fortemente presente em sua atuação contemporânea, aliás a mentalidade de todos os profissionais envolvidos com a tecnologia leva-os ao compromisso sistemático com o futuro.

Os ideais republicanos muito contribuíram para a educação popular, e o Liceu recebeu apoio e dotações orçamentárias que viabilizaram a sua consolidação. Ricardo Severo afirmou:

“(...) o Liceu encontrou no governo republicano e nos cidadãos do novo Estado um apoio e um incentivo que correspondem à aceleração de seu surpreendente progresso.(SEVERO, R. 1934, p. 21)

As soluções e processos desenvolvidos pelo Liceu no passado estão distantes, mas o espírito de inovação está fortemente presente em sua atuação contemporânea, aliás a mentalidade de todos os profissionais envolvidos com a tecnologia leva-os ao compromisso sistemático com o futuro.

Liceu - 150 Anos
Liceu - 150 Anos

O desenvolvimento da construção civil impulsionou consideravelmente a demanda por bens e serviços artesanais, principalmente para a produção de equipamentos domésticos, e o Liceu muito se destacou na produção de mobiliário. De suas oficinas, saíram móveis para residências, para escritórios e grande número de complementos para as habitações.

A história do Liceu coincidiu com o início do desenvolvimento da engenharia paulista1, e seu então diretor, Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928)2, à época acumulava a liderança da instituição e do escritório técnico, que leva o seu nome, responsável por um número significativo de obras públicas na cidade de São Paulo. O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo viveu seu período dourado.

Já se vão 41 anos desde que fui recebida no palacete da Avenida Paulista de número 37 por seu proprietário, Ernesto de Castro Filho, genro de Ramos de Azevedo, para realizar entrevista sobre o arquiteto. Foi fascinante participar de uma visita guiada, em que cada detalhe da casa me foi explicado minuciosamente, sempre seguido de um orgulhoso comentário: “Isto é obra do Liceu!”. Por fim, fui ao famoso jardim, que dá nome à casa, e, em meio ao roseiral, havia uma pequena garagem, onde se encontrava um velho automóvel estacionado.

O leitor poderá visitar este e muitos outros edifícios históricos nos quais a marca do Liceu permanece viva e fascinante. Este livro é o começo de uma longa história que está na cidade, nos bairros, nos edifícios e nos seus interiores.

Já se vão 41 anos desde que fui recebida no palacete da Avenida Paulista de número 37 por seu proprietário, Ernesto de Castro Filho, genro de Ramos de Azevedo, para realizar entrevista sobre o arquiteto. Foi fascinante participar de uma visita guiada, em que cada detalhe da casa me foi explicado minuciosamente, sempre seguido de um orgulhoso comentário: “Isto é obra do Liceu!”. Por fim, fui ao famoso jardim, que dá nome à casa e, em meio ao roseiral, havia uma pequena garagem, onde se encontrava um velho automóvel estacionado.

Liceu - 150 Anos

A casa de Ernesto Dias de Castro, conhecida como Casa das Rosas, é uma das últimas edificações da primeira geração de casas na Paulista. Projetada pelo escritório Ramos de Azevedo, foi concluída em 1935. Os corrimãos de madeira e ferro foram produzidos no Liceu de Artes e Ofícios. O vitral da Casa Conrado é obra de Conrado Sorgenicht.

150 Anos - Missão Excelência
© Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo